top of page

MEMÓRIAS

  • Foto do escritor: lufelopes
    lufelopes
  • 3 de out. de 2021
  • 7 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2022

Abro o blog como o lugar da memória e farei uso constante de acréscimo de imagens de trabalhos realizados:


Dia 27 de fevereiro de 2022, estamos celebrando mais uma festa de carnaval.

Festa esta, que sempre lembro com carinho, meus pais se conheceram em uma, e eu fui gerado nos preparativos de outra, e por ter disfrutado de muitas, são como um tema recorrente e constante em meus estudos, em minhas criações.


Aquilo que trouxe em minha pesquisa no (per)formar, a performance vista como ato para proximidade ou não, dependerá de como o espectador a receberá. Max Weber

(Alemanha,1864 - 1920) um jurista e sociólogo coloca o carnaval como: "um jogo de efeitos recíprocos" esta jogo que sempre me alimenta a criação.


Trago imagens da recém performance apresentada na defesa de minha tese de doutorado.

Ela surgiu em sonho que apresentei em três partes:


A 1ª parte chamo de apresentação da origem, abro com um texto em off, da tradição judaica, do Talmude sobre a gênese, narrado pelo Prof. Dr. Peter Pál Pelbart, com imagem de fundo uma foto tirada pela fotografa argentina/catalana Consuelo Bautista, na qual estou dormindo sobre sucata de guerra dos Balcãs em 1997, metais recolhidos pela Organização das Nações Unidas - ONU, nos campos de batalha e levadas para uma siderurgia em Nikic´, quando então participava da bienal de Cetinje antiga Iugoslávia. A imagem sai do detalhe e se amplia, abrindo o cenário do teatro da Cia Minaz, em minha cidade Ribeirão Preto, quando então surge um ser estranho, meio mitológico, com cabeça e dois braços que tocam o solo feitos de plásticos, saídos do meio de uma montanha de lixo. Acompanhado pela projeção da transformação de uma larva em borboleta, seguida de uma saudação de um cacique da tribo indígena Dessana, no rio Negro em Manaus, cena gravada quando eu participava em uma mesa do congresso de arte em 2018, no qual ele saúda as quatro direções da oca para iniciar seu ritual de recepção aos congressistas que ali estávamos, trago sua imagem e abro a saudação aos que assistem a performance. Logo uma sequência de imagens de meus antepassados meus bisavós, meus avós, meus pais, seguidos de uma evolução de autoimagens desde tenra idade, até a foto mais recém, diante da qual, agora com traje sem a mascara e os braços de plástico, mas com a mascara da pandemia abro meu cobertor capa como em asas de borboleta com minha foto nela refletida, tudo isso embalado pelo som de uma mixagem de um canto marawa´wa e o som do Yantó interpretando ´Agnus sei´ de João Bosco e Aldir Blanc.











A 2ª parte chamo de a produção, inicio com som em fundo negro e a voz do cantor Gilberto Gil, interpretando o poema ´Átimo de Pó´ de Carlos Rennó surjo Eu passando por um portal de caixas de papelão e vestido com minha armadura h2o feita com garrafas de água. No ambiente ou na atmosfera da produção criação, sons do elemento água. Passo e saúdo à um querido e belo violinista Victor Botente, da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, que a peito descoberto toca Bachianas nª 02 (O trenzinho do caipira) de Heitor Villa-Lobos, cruzo a cena para no outro extremo, vestir um manequim de plástico, iluminado e volto ao outro lado e começo ascendendo todas os cinco conjuntos de luz que estão presentes no cenário a terra com a pomba-luz e presépio, a água com a salamandra, o ar com o urubu-luz, o fogo com a gaiola homeopática e o último o éter no carro super (homenagem ao querido Edu Jorge em tempos de nosso atelier em Barcelona Torre de Papel) todas sendo projetadas no telão de fundo intercalados com trabalhos referencias em minha tese como Hilma af Klint, Exposição Arte em Guerra e Exposição Da Antropofagia a Brasília;




































A 3ª parte chamo de a transformação, na cena inicio sentando-me em uma sala de estar com a cadeira múmia, o ca pé tinha, o burrinho e os tapetes e um fundo de retalhos. Assisto uma cena do filme ´Tempo dos Ciganos´, no ano de 1988 , garavado na Iugoslávia, Itália é Reino Unido pelo diretor Emir Kusturica. Na sequência celebram Edeleuzi, uma saudação a São Jorge e seu poder do fogo transformador. Acendo os candelabros feitos por Lu Pulici e Imanol Ossa trago na imagem uma homenagem ao nosso atelier Torre de Papel em Barcelona. Um cena que cruza a morte e traz os vivos. Utilizo esta cena da noiva que grávida, passa por um vendaval e leva seu véu e também sua vida, deixada nos braços de seu companheiro e no filme durante a cena nasce a criança que estava esperando. Neste momento na performance descem sete vestidos pintados em tecido voil como conexão com o véu da noiva; sete corpos, um jovem, uma gorda, um idoso, uma travesti, um transexual, minha mãe e meu corpo, todos desenhados partindo de ultrassonografia e pintados com as sete cores do arco-íris. Escolho e recolho do varal, o que é o corpo de minha mãe a quem presto homenagem, e visto, por sorteio dos vestidos, aos professores que participaram da banca e termino a cena em casa na imagem que se torna desfocada e que teve inicio com a canção ´Sonho Meu´ de D. Ivone Lara com Délcio Carvalho e na interpretação de Marina de La Riva com o poema final Cultivo una rosa blanca de José Marti.





















Termino, deixando o vídeo da performance para os que queiram assistir:





Banca de defesa para obtenção do título de doutor em artes:


01 de outubro de 2010. Apresento este lugar, introdução ao conjunto de ações, que constituem parte do que chamo de corpo, ou conjunto de elementos criados como uma mostra de várias camadas que constituem meu trabalho.


Início na pesquisa para obtenção do titulo de doutor em artes, esta foi uma das vias que escolhi pata registrar todo um processo que constitui minha produção. Os caminhos na pesquisa me levaram para algumas linhas de pensamento como da complexidade por Edgar Morin, da autoetnografia no olhar como pesquisador/pesquisado e partindo destas fronteiras abrir a você que esta lendo este e como podemos nos relacionar como possível lugar de trocas em gratidão todo o momento pois meu trabalho se faz no coletivo e os dou as boas vindas.

É com grande alegria que publico esta pagina para agradecer a tod@s que estiveram presentes em minha banca de defesa do doutorado:

Em transmissão virtual foi realizada em duas plaformas virtuais: a da banca pelo Google Meet e a dos convidados pelo YouTube. Foi apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA - USP, na qual estiveram presentes, os seguintes professores que utilizo a mesma ordem das falas na banca: a minha orientadora a Profa. Dra. Maria Christina de Souza Lima Rizzi, a Profa. Dra. Tarcila Lima da Costa da UNESP - BAURU, o Prof. Dr. Luiz Carlos de Laurentiz da UFU - UBERLÂNDIA, a Profa. Dra. Maria Cecilia Loschiavo da FAU - USP e a Profa. Dra. Branca Coutinho. Reunidos durante aproximadamente 5 horas a banca ao final deixou o registro em ata na qual fui aprovado recebendo o titulo de Doutor em Artes.


Anexo abaixo um print de tela da sala do YouTube, para registro dos participantes que chegaram a um numero de 268 visitantes e 36 presentes no chat da sala.



Logo abaixo anexo uma versão editada da gravação da banca que remontei, cortando algumas falhas técnicas ocorridas na performance e também o tempo de espera de abertura, intervalos da sala, com a duração de 3:50:08:




Memórias - Instalações

Foram muitas as oportunidades que surgiram que pude fazer algumas instalações em lugares que no momento se faziam muito especiais como a Disco Moog no bairro gótico de Barcelona. Estava no ano de 1999 e no auge de nossas festas raves, organizadas sempre no campo ou periferia muito distante do centro, na ocasião fomos a uma festa e desta vez era somente para desfrutar, em meio da festa pela manhã a policia invade, com alguns camburões e vieram de forma muito violenta, entraram na festa dando tiros de borracha e saímos correndo, fugidos do local e com uma sensação de muita injustiça, afinal estavam atentando contra nossa comunidade de ravers pacíficos e frequentadores das festas em nome do amor e da paz e da construção de uma cultura mais justa e tolerante. Este foi meu ultimo registro das festas na Espanha.


Foi quando a convite da Disco Moog me pediram uma instalação e como o local era uma das casas noturnas frequentadas pelo publico e djs, que também participavam das raves abertas no campo, apresentei e executei a seguinte proposta, que titulei "Prohibt Prohibir" Proibido Proibir uma referência a uma canção de Caetano Veloso:






Nas imagens acima apresentamos a instalação em uma pequena sala da Disco que chamavam de Chillout um pequeno lugar aonde os frequentadores podiam descansar da música eletrônica, respirar e tomar uma aperitivo desfrutando das propostas. Em meu caso cruzavam a porta com a placa Prohibit Prohibir...




No teto da sala uma colagem de imagens com fotos minhas tiradas nas festas em forma circular com a frase, traduzindo ao português, ´o que uma larva chama de fim do mundo outros chamam de borboleta` e rodeada com a palavra endorfinas, no centro seis fotos com momentos de muito êxtases festivo...






Nas quatro paredes que fecham o ambiente coloquei quatro trabalhos, referentes aos temas mais importantes na configuração destes encontros, colagens feitas com minhas fotos recortadas e coladas em diferentes portas velhas, se abertas convidam o passeio pelo tempo, que pintei nas cores: vermelho, no centro a palavra rave em inglês que significa delirar, desvariar; azul, para a porta da ocupação, pois eram sempre em locais ocupados de forma pacifica e organizada; branco para a porta transformação que todos passavam no megulho de tanta diversidade e amarelo para a porta travelers convidando a um "Cap a Om" jogo com a expressão catalana que significa 'para onde' e brinco com o som da palavra ommm como meditam os budistas...







No teto da pequena sala quatro imagens de quatro ravers dançarinos em pleno êxtases radiando muita felicidade e abrindo suas asas de borboleta para a melhoria de uma mundo mais cheio de paz, alegria, tolerância e mudanças para toda humanidade...


- * -


Festas de fim de ano 1992/93 em Barcelona. Um dos trabalhos constantes será o de criar o que ao principio chamava de decoração, mas sei agora, que sempre se tratava muito mais que uma simples colocação de peças dispostas para criarmos um ambiente festivo; prefiro e adoto o termo instalação efêmera pois nelas existe a busca de algo mais a levar para além dos sentidos...


Barcelona, Natal, discoteca Metro. Uma das primeiras discos gays que frequentamos assim que chegamos na cidade. Era então final do ano de 1992, para 1993, nela José Roberto Muniz já trabalhava como montador do espaço teatral na disco e conjunto a ele, criamos para esta ocasião nossa primeira instalação para 'Navidades'. Recebemos visitas de queridos amigos Christina de Paula Correia, Eduardo Alves Jorge, Francisco Jianjulio, Luiz Carlos Pulici, Onésimo Carvalho de Lima e Rita Fantini que estiveram presentes na inauguração desta instalação.



























































Comments


bottom of page